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Por que muitos insistem nas escolhas ruins

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Publicado em 20/10/2016, às 14:37

Problemas financeiros sempre resultam de más escolhas. Grandes dívidas decorrentes de imprevistos, acidentes ou problemas de saúde, por exemplo, advêm da falta da cobertura de seguros. Dificuldades por aumentos de preços e mudanças na economia decorrem do engessamento do orçamento, excesso de gastos fixos e prestações que limitam as mudanças de gastos quando necessárias.

Escolher mal é decorrência de educação limitada, falta de informação ou de orientação sobre possíveis armadilhas em contratos, investimentos de risco e operações de crédito. Não raro, pessoas em dificuldades imploram a anistia de juros e o perdão de dívidas, na esperança de que a outra parte assuma por um erro seu. O alívio, somado à falta de orientação, pode conduzir novamente a más escolhas. Não é o perdão de uma ou outra dívida que solucionará o problema. Dívidas são contraídas para atender a uma necessidade de pagamento. Extinguir a dívida não garante, necessariamente, a extinção de uma necessidade. Em breve, outro desequilíbrio pode acontecer e começar a formar outra dívida impagável.

A melhor maneira de solucionar dificuldades financeiras é ajustar o padrão de escolhas para comportar ajustes diante de imprevistos e aumentos de preços. Isso se faz reduzindo gastos fixos (cujo excesso é uma má escolha que leva ao endividamento não planejado), em favor de gastos que possam ser ajustados em meses ruins, como gastos com lazer, educação e cuidados pessoais.

Em geral, a desculpa dada para não reduzir gastos fixos é que a mudança resultará em perdas. Por exemplo, posterga-se a troca do automóvel por um mais barato porque o atual está com pouco tempo de uso. Posterga-se a troca do imóvel porque o mercado está ruim ou porque ainda está financiado. Posterga-se o cancelamento do título de capitalização porque a maior parte do valor investido será perdida. Para fugir da perda, muitas famílias mantêm na garagem automóveis que esgotam o orçamento com seguros, impostos e alto consumo. Outras moram em imóveis que jamais terão mobília confortável ou que consomem mais que o previsto do orçamento. Continuam a contribuir com planos e serviços que, com o tempo, acumulam mais prejuízos.

Para eliminar problemas financeiros, assumir uma perda como um custo pelo aprendizado pode ser bastante saudável, principalmente se a perda pode conduzir a ganhos. Perde-se na venda do imóvel no mercado ruim, mas ganha-se na compra de outro pelo mesmo motivo. Perde-se ao resgatar um título de capitalização, mas inicia-se o investimento em um plano de previdência que pode assegurar o futuro.

Fonte: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/gustavo-cerbasi/noticia/2016/08/por-que-muitos-insistem-nas-escolhas-ruins.html

 

Gustavo Cerbasi é Mestre em Administração/Finanças pela FEA/USP, formado em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com especialização em Finanças pela Stern School of Business – New York University e pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Foi eleito pela revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes.

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