É preciso prever o imprevisível
Sempre temos um culpado para o erro: o tal do imprevisto. Quando falta dinheiro, é porque ocorreu algo que não estava nos planos. Às vezes, um incidente. Às vezes, um aumento ou correção de preço. Muitas outras vezes, um esquecimento. A maioria das situações de erro no orçamento tem a ver com a insistência em acreditar que imprevistos não ocorrem.
Isso poderia ser chamado de otimismo, quando se trata de acidentes e problemas de saúde. Mas, na verdade, os maiores erros ao planejar um orçamento acontecem por puro pessimismo. Se você perguntar, hoje, por que as pessoas fecharam o mês de março no vermelho, a maioria dirá que a causa foi o gasto excessivo no Carnaval. No próximo mês, dirão que os ovos de Páscoa estavam muito caros. No mês seguinte, culpa do presente de Dia das Mães, depois do Dia dos Namorados. Em agosto, choradeira por causa das férias escolares. O tal do imprevisto não é tão imprevisível assim. O Carnaval foi inventado agora? Não. Jura que não está pensando em presentear sua mãe ou a pessoa que você ama? É pessimismo, pois o brasileiro acredita que celebrar não faz parte de seus planos.
Se houvesse o hábito de planejar o orçamento não com base no que queremos gastar, mas sim com base no que gastamos no ano anterior, menos brasileiros estariam no vermelho. É errado ocupar todo nosso orçamento com prestações de alimentação, saúde, transporte e moradia, sem margem para imprevistos. É natural que ocorram gastos fora do padrão, todos os meses. Se não acontecerem, é porque sua vida está burocrática demais, sem margens para novas experiências, sem convívio social ou planos de última hora.
Acredite: imprevistos acontecerão, para o bem ou para o mal. Você terá de cancelar gastos planejados para poder cobrir os imprevistos. Aparecerão convites de última hora para uma festa, um bom amigo pode convidá-lo para ser seu padrinho, você desejará pagar uma atração não planejada nas próximas férias.
Esse tipo de gasto é tratado de duas maneiras: com boas reservas para emergências ou com um orçamento que tenha menos prestações acumuladas. Compre menos a prazo, poupe mais, reserve verbas regulares para imprevistos. Se eles não acontecerem, use esse dinheiro para celebrar com sua família.
Fonte: Coluna de Gustavo Cerbasi na Revista Época. Acesse em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/gustavo-cerbasi/noticia/2015/05/e-preciso-prever-o-imprevisivel.html
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