A problemática da fome no Brasil é séria e data de longos e lamentáveis anos. Antes de mais nada, a nomenclatura em si já é chagada de pluralismos. Não é fácil definir fome. Assim, especialistas vêm preferindo o termo insegurança alimentar para se referir às pessoas que carecem de acesso aos alimentos. É considerado, então, uma pessoa dotada de segurança alimentar quando nem ela, nem ninguém do seu seio familiar, passa fome ou vive na iminência de inanição.
Como dito, é extremamente complexo a mera definição dos termos da pauta. Avaliemos, então, quando se trata de sua solução. As causas, por outro lado, são mais fáceis de apontar; o que não quer dizer que sejam poucas. Nesta matéria levaremos você a compreender um pouco mais sobre onde mora o cerne da questão, onde o Brasil se encontra na luta do combate à fome, o que diz o Ministério da Saúde, o paradoxo entre as causas do crescimento no número de pessoas com fome no país conhecido como “Celeiro do mundo” e quais ações podem e devem ser tomadas para sanar esse mal que nos assombra há décadas e décadas. Vamos juntos!
Insegurança e fome: há diferença?
Bom, primeiramente, é importante que organizemos uma escala. A insegurança alimentar é dividida em três níveis: leve, moderado e grave. Este último, dessa forma, é o estágio denominado fome. É o que mostra a imagem abaixo:
Qual o contexto disso no Brasil?
O Brasil possui órgãos como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional da Alimentação Escolar (PNAE), sendo este último a mais antiga política pública de segurança alimentar e nutricional do Brasil, datado de 1955, executado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Esses programas ganharam força total na primeira e início da segunda década dos anos 2000, quando o Brasil conseguiu sair do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa basicamente sinalizar no mapa mundi os pontos onde há pessoas passando por insegurança alimentar grave, ou seja, fome. De 2002 a 2023, o número de brasileiros considerados em situação de subalimentação caiu 82%, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a FAO.
Tais números elevaram o Brasil ao patamar de exemplo a ser seguido pelo mundo todo. Grande parte se deve aos programas sociais de distribuição de renda criados no governo Lula e Dilma, como o Bolsa Família, Bolsa Escola e Fome Zero.
O que houve, entretanto, nos últimos anos foi uma cadeia de acontecimentos que levaram esses dados a caírem vertiginosamente.
Qual a causa do aumento da insegurança alimentar no Brasil nos últimos anos?
Não é possível indicar um único fator. O mundo, como um todo, passou por diversas crises nos últimos 10 anos. O Brasil, por sua vez, entrou em severa recessão econômica em 2014, após a Copa do Mundo. De 2019 a 2022, outras chagas apareceram, como a Pandemia por COVID 19. Uma série de desmontes nos órgãos supracitados também influenciaram negativamente na conjuntura. Paralelo a toda população brasileira, o grupo indígena dos Yanomami foi bastante afetado. No caso deles, contudo, há um contexto que abordamos aqui em outra oportunidade.
Leia mais: Yanomami: entenda o que está acontecendo com a principal comunidade indígena do país
Os paradoxos envolvendo a fome no Brasil
Os números são estarrecedores. Em 2022, o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar nos trouxe, no contexto já dissertado no ponto anterior, que mais de 33 milhões de pessoas não têm garantido o que comer. Esse expressivo número contrasta com um dado oposto – e curioso: segundo o branco suíço Credito Suisse, o Brasil teve 28,5% de crescimento no número de milionários de 2020 a 2021.
Além disso, o Brasil é conhecidamente chamado de Celeiro do Mundo, dado seu gigantesco potencial de produzir e comercializar commodities, como a soja e milho; não só esses: o Brasil é um grande exportador de cana de açúcar, café, laranja, cacau…
As políticas públicas mencionadas anteriormente, como o PAA e PNAE eram atores ativos na administração de uma prática muito eficaz no Brasil. Nos anos em que mais se manifestaram a queda no número de pessoas passando fome, era comum que pequenos agricultores familiares vendessem seus produtos para o Estado, que os aplicavam nas merendas escolares, por exemplo.
Os benefícios dessa relação são diversos: além das crianças consumirem produtos com o valor nutricional recomendado, ainda movimenta a economia e geração de empregos. Esta, inclusive, é uma das ações indicadas para combater o quadro.
Quais ações devem ser tomadas?
Diversos especialistas têm se debruçado em achar soluções para esta crise no Brasil. O consenso da maior parte, contudo, é o investimento em políticas públicas de distribuição de renda, além de incentivos ficais para o crescimento de empregos. Além disso, o controle da inflação é um dos pontos levantados pelos economistas. Reforma agrária, por exemplo, é uma pauta a ser explorada, pois terras úteis para a subsistência das famílias constituem um gás eficaz nos mais necessitados.
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