Nem tudo são flores no Concurso Unificado – CNU. Criado pelo Governo Federal com o objetivo de democratizar o acesso ao serviço público, o Concurso Unificado oferta mais de 6 mil oportunidades em diversos órgãos da União. Apesar da ideia de promover o “Enem dos Concursos”, alguns setores especializados em concursos alertam para um possível efeito colateral com a evasão de servidores após a realização da seleção.
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Concurso Unificado – CNU: evasão em órgãos públicos
O alerta veio de uma pesquisa elaborada pelo Departamento de Educação e Cultura (DEC) da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), divulgada na semana passada. Elaborada para os servidores do Ministério da Cultura (MinC), a pesquisa contou com 589 participantes, dentre os quais, 70% informaram que estudam para outros concursos. Do total, 75% informaram que vão participar do Concurso Unificado.
Perda de mão de obra
Apesar de a pesquisa ter sido aplicada no MinC, a Condsef ainda reforçou que o risco de perder mão de obra especializada não está restrito à Cultura, mas também a outros órgãos federais. Em resumo, é grande a possibilidade de um esvaziamento em vários setores do serviço público. O grupo reforçou que a evasão no poder Executivo Federal ocorre pela falta de valorização do quadro funcional dos órgãos.
Mais detalhes
De acordo com a confederação, dos 589 participantes, que farão o Concurso Unificado – CNU, 93,4% informaram que permaneceriam no quadro do MinC caso as demandas dos servidores do órgão fossem atendidas pelo Governo Federal, ou seja, de forma isolada.
Esvaziamento já começou
Um bom exemplo da evasão de servidores pode nitidamente ser observado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, IBAMA. Um a cada seis servidores do último concurso Ibama, realizado em 2022, já abandonou seu posto para assumir cargo em outro órgão. O dado foi divulgado pela Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente, a Ascema Nacional. A seleção ofertou 568 vagas para efetivos. Este número, segundo a Ascema, representa 18%.
Riscos do Concurso Unificado – CNU
“A baixa atratividade dos cargos da carreira de especialista em Meio Ambiente repercute negativamente no andamento de serviços importantes para o país, como o trabalho de fiscalização, licenciamento, planejamento, pesquisa e conservação ambiental”, disse o presidente da Ascema Nacional, Cleberson Zavaski (Binho).
Já a Associação dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (Asibama), do DF, fez uma pesquisa com 801 servidores e revelou que mais de sete em cada dez funcionários se dedicam à preparação para outros concursos.
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